quarta-feira, 26 de maio de 2010

Só 23% dos beneficiários de RSI são empregáveis

As crianças, os idosos e os trabalhadores correspondem a 77% dos mais de 400 mil beneficiários do rendimento social de inserção (RSI). Apenas 23% são "empregáveis", o que, para o sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues, revela a "hipocrisia" do debate político.
O "discurso populista" de ataque ao RSI é, a par da crise, um dos principais entraves ao sucesso da medida, que nasceu há 14 anos para combater a pobreza extrema. No momento em que muito se fala da obrigatoriedade dos beneficiários do RSI prestarem tributo à sociedade, os números clarificam que a exigência nem sequer seria aplicável à maioria das pessoas. Cada beneficiário recebe, em média, 89 euros por mês. Por família, o contributo médio é de 242 euros. Pelo menos em 31% dos casos, o subsídio serve para complementar um ordenado muito baixo.
"Estamos a perder tempo e a inventar medidas de tributo social, quando só 23% são empregáveis. Parte destas pessoas tem 'handicaps', como toxicodependência, problemas psíquicos, desqualificação ou desemprego de longa duração, que obstaculizam o acesso ao emprego. Estes dados frios mostram a hipocrisia do debate. E é penoso ver que a hipocrisia do debate colou bem nas representações sociais", sustenta Eduardo Vítor Rodrigues, professor e investigador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, cuja tese de doutoramento reflectiu sobre o Estado Providência e os processos de imobilização social dos beneficiários do RSI. A obra sobre a tese, intitulada "Escassos Caminhos" é apresentada, pelas 21 horas de amanhã, no anfiteatro nobre da Faculdade de Letras do Porto (FLUP).
O "brutal ataque" ao RSI agrava o estigma, dificulta a inserção social e conduz a uma burocratização exagerada da medida. "O que está a acontecer é um processo de estigmatização que afecta, de forma violentíssima, o beneficiário. Os empregadores acham que os beneficiários são malandros e não lhes dão emprego. Os políticos alimentam o estigma e as pessoas perdem a auto-estima", alerta. Em resposta, a Segurança Social exige relatórios e torna difícil o acesso ao RSI. Cada equipa multidisciplinar tem a seu cargo, no mínimo, 180 agregados. O acompanhamento próximo das famílias para diagnosticar e ajudar a resolver os problemas que travam a melhoria de vida é quase impossível.
Sem diagnóstico, não há ajuda
"Fruto da pressão social, as equipas estão a ser bombardeadas com relatórios. Têm de produzi-los de três em três meses. O acompanhamento técnico de proximidade está hipotecado pela carga burocrática", afiança o sociólogo.
Sem tempo para diagnósticos, receita-se aspirina a todos, negligenciando a heterogeneidade dos beneficiários. "O importante é descortinar as razões do imobilismo, que obstaculizam a empregabilidade", continua. A resposta é igual para todos: novos cursos, estágios e soma de carimbos. O problema de raiz fica por resolver.
Certo de que hoje a "carga do estigma é inultrapassável", Eduardo Vítor Rodrigues defende a reconfiguração da medida, que não pode continuar a ser encarada de forma dissociada do subsídio de desemprego. "Defendo a fusão do RSI e do subsídio de desemprego. Tem de haver interinstitucionalidade. É incompreensível que não exista hoje articulação institucional, até porque os técnicos de emprego sabem que o mais certo é que os desempregados caiam no RSI", conclui o investigador. Em todo o país, o distrito do Porto possui o maior número absoluto de beneficiários.

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3 comentários:

  1. mas nem todos que foram toxidependentes não quer dizer que não possam vir a trabalhar ou têm de estar sempre a recever esmolas, pois é o problema é esse .
    é como custumam dizer por causa de uns pagam os outros mas enqunto uns fazem as asneiras e tiram o probeito, os que bém atrás é que levam de tabela, porquê?
    porque quêm devia de tratar dos casos como deve de ser não trataram e agora têm de ter um vode expiratório para mostrar serviço pois é.

    e essa de toxidependentes nêm todos são iguais , mas é pena leva tudo pela mesma vitola,,,
    é pena muita pena mesmo.

    nêm todos os que foram ou os que ainda são toxidependentes são ladrôes, assassinos, ou analfabetos,mas a vida é assim mesmo.
    e continuo a dizer, Deus nos salve
    e que nos gurde no amanhã.

    Paulo Teixeira

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  2. Caro Paulo Teixeira,

    penso que disse tudo. Concordo inteiramente com o seu ponto de vista.Toda a minha pouca experiência de trabalho tem sido nesta área. Estive sempre em contexto de Comunidade Terapêutica e na minha perspectiva existem 2 tipos de utentes. Aqueles que embora muitas vezes a motivação pode não ser muita, mas a consciência de que estão doentes e da necessidade de recuperar dessa mesma doença aliada a um esforço diário pessoal do utente assim como de uma equipa tecnica multidisciplinar e de uma constante adaptação do programa às necessidades, sao estes aqueles que chegam a alcançar exito. Depois existem aqueles que já frequentaram muitos programas terapeuticas e que chegam às comunidades terapeuticas como se este fosse o último recurso, chegam em circuntâncias muitas vezes condicionadas por determinadas entidades nomeadamente tribunais e que em nada vão usufruir do programa terapeutico e que muitas vezes só vão contribuir para o insucesso dos restantes utentes. Até à bem pouco tempo o tratamento era visto como uma saída para pequenos delitos, por assim dizer; se o colega trabalhar na área sabe bem do que estou a falar. Continua a ser preciso separar o trigo do joio....penso que é assim que se diz. Não se pode pôr em causa o tratamento de uns em prol do "não-tratamento" de outros. Mas as Comunidades Terapêuticas de IPSS essencialmente pela experiencia que tenho, muitas vezes aceitam todos os utentes e mais alguns, porque é importante mostrar ao IDT que se tem a casa cheia, e porque uma IPSS na sua grande maioria sofrem de algumas carencias economicas o que aliado a um tipo de tratamento por internamento que exige acompanhamento permanente, inclusivé no periodo nocturno, obriga a aceitar utentes. isto origina a existencia de muitos conflitos contribuindo desta forma também para o insucesso daqueles que realmente querem se reabilitar. Como costumo dizer para se trabalhar nesta área é preciso senti-lo na alma.....e nem todos sentem.

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  3. Têm toda A razâ, muitos que andam na reabilitação deviam de sair porque não andam a fazer nada só andam a enganar-se a eles própios,e a o est+ado
    eu não trabalho na Área antes trabalha-sse, de certeza que no local onde trabalha-sse as coisas rodariam de outra forma podia demorar mas averia de dar muitos encentivos para quem estive-sse na frente do serviço.
    è claro que para sair das drogas é uma grande batalha , uma guerra sei lá,,,... é como ir aõ inferno e tornar a vir , mas para se ter exito , convate-se fogo com fogo, não se pode fugir delas o tempo todo porque assim não sabe se um dia le vai poder registir.

    po acaso me encontro desmpregado infelismente,
    Com o tempo as pessoasse conhecem,

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