quinta-feira, 26 de março de 2009

Só 31% dos programas infantis são educativos

Estudo revela que a exibição de menos animação asiática contribuiu para diminuir a violência

Ontem

ALEXANDRA MARQUES

Os desenhos animados dominam a programação infantil dos canais generalistas e as novelas juvenis reinam nos privados. Há menos violência, mas faltam conteúdos mais pedagógicos, aponta um estudo da Universidade do Minho.

Dois terços (69%) dos programas infanto-juvenis transmitidos pelos quatro canais generalistas nacionais - RTP1, RTP2, SIC e TVI - não são educativos. Foi esta a conclusão dos investigadores da Universidade do Minho, depois de analisarem 3283 programas para crianças exibidos entre Setembro de 2007 e o mesmo mês de 2008.

O estudo "A televisão e as crianças" - encomendado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social e apresentado ontem na Fundação Gulbenkian , em Lisboa - indica ainda que 83,5% dos programas educativos - a maioria dos quais exibidos pela RTP2 - se destina à faixa até aos cinco anos.

Presente na sessão, o director deste canal, Jorge Wemans, disse ser uma opção deliberada porque "vivemos numa sociedade gradualmente mais desigual e devemos cada vez mais cedo dar às crianças ferramentas que reduzam essas diferenças".

Três quartos dos programas são transmitidos de manhã, quando o público-alvo se encontra na escola. Aqui os autores do estudo - Sara Pereira e Manuel Pinto - crtiticaram a TVI por, ao sábado de manhã, interromper a progranação infantil com "wrestling". "As tardes estão relativamente desguarnecidas", com excepção dos fins de tarde na TVI e RTP2.

Os programas mais vistos acabaram por ser as transmissões de jogos de futebol (Euro 2008) e as telenovelas nocturnas da TVI. Só depois aparecem os 10 programas infantis com maior audiência. Todos da SIC e da RTP2.

O relatório evidencia ainda que as raparigas preferem os canais generalistas e os rapazes tendem para os temáticos, por cabo, e que quanto menor é o estrato social, mais televisão consome.

A luta bem/mal, a magia e o humor são os temas predominantes nestes programas que têm "um universo muito branco, quase sem diversidade étnica e de classe média", disse Manuel Pinto.

"Uma boa surpresa", segundo a autora - com que o director de Programas da SIC, Nuno Santos se congratulou - foi a violência já não ser uma marca, explicado pelo autor por só 4% dos programas serem de origem asiática.

O director de Programas da RTP1, José Fragoso, admitiu haver um défice de produção nacional e de programas para pré-adolescentes (após os 14 anos), com o director de conteúdos da TVI, Paulo Soares, a alegar que as privadas vivem da publicidade e esta não é suficiente para produzir de raiz.


In SOL

Nenhum comentário:

Postar um comentário