Toxicodependentes em tratamento aumentam em Portugal
A canábis é a droga mais consumida em Portugal, ao passo que o consumo de heroína é o mais problemático.
- 10 Novembro 2010
Paralelamente, houve uma diminuição do consumo de substâncias ilícitas, sobretudo nos jovens, e uma diminuição do número de casos de infecção por VIH entre os toxicodependentes. O número de pessoas em tratamento aumentou. Os dados são do 15º relatório anual sobre a evolução do fenómeno da droga na Europa, da responsabilidade do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT), apresentado hoje em Lisboa.
O mesmo documento refere que os toxicodependentes portugueses são os mais velhos da Europa. “Portugal reporta a percentagem mais elevada (28%) de consumidores de droga mais idosos em início de tratamento”. A droga deixou de ser um “fenómeno juvenil”, o que representa um novo desafio pois os serviços de tratamento estão concebidos para consumidores de droga mais jovens.
“Parte-se geralmente do princípio de que as pessoas deixam de consumir droga depois dos trinta anos mas os dados dos centros de tratamento da toxicodependência europeus mostram que nem sempre é assim. Os serviços são cada vez mais chamados a suprir as necessidades de utentes mais idosos, cuja saúde sofre os efeitos combinados do consumo prolongado de droga e do envelhecimento”, explica o director da OEDT, Wolfgang Götz.
João Goulão, presidente do Conselho de Administração do OEDT e responsável pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), admitiu a existência de um corte de 4% no orçamento para 2011 deste organismo, que combate o flagelo da droga em Portugal. Para o responsável, estes corte não é “dramático” mas, admite, exige uma adaptação da rede para dar uma resposta mais atempada e adaptada às necessidades das populações. Essa redução vai-se reflectir, para já, no despedimento de cerca de 200 trabalhadores precários do IDT. Por fim, acrescentou que “cortes cegos” podem comprometer o trabalho desenvolvido e os progressos alcançados.
A nível europeu os dados são mais preocupantes. O director da OEDT, Wolfgang Götz, salienta, com preocupação, que o número de mortes associadas ao consumo de cocaína na Europa aumentou. As estimativas apontam para a ocorrência de cerca 1000 óbitos, por ano. A cocaína é a segunda substância mais consumida, com cerca de 4 milhões de consumidores espalhados por toda a Europa. A primeira é a canábis, cujo número de consumidores ascende aos 23 milhões. O consumo de cocaína deixou de ser um exclusivo de celebridades ou pessoas de sucesso, espalhando-se até às classes mais marginalizadas.
A qualidade do tratamento melhorou bastante desde a década de 1990. O OEDT estima que, em cada ano, haja na União Europeia pelo menos um milhão de consumidores de droga a receber alguma forma de tratamento.
“Num momento em que a Europa está a entrar num período de austeridade económica, com níveis crescentes de desemprego entre os jovens, receia-se que esta situação se possa fazer acompanhar de um aumento das formas problemáticas de consumo de droga”, alerta o estudo.
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