sábado, 18 de dezembro de 2010

Violência doméstica dispara no Natal

O número de casos de violência doméstica dispara no Natal, associado ao consumismo da época, e as entidades temem que a crise possa agravar ainda mais o problema, segundo dados revelados hoje em Bragança.
A situação económica do país e a crise em geral vão agravar a situação A situação económica do país e a crise em geral vão agravar a situação (Foto: Paulo Pimenta)


Os dois últimos meses do ano “vão ser complicados”, considerou a responsável pelo núcleo de Bragança de apoio à vítima, Teresa Fernandes, com base na “tendência já de outros anos”.

“Vem aí o Natal, que deveria ser uma época de paz e tranquilidade entre as famílias, mas depois também vem a consciência da falta de recursos económicos, vem o tempo a mais que se passa em família”, disse, explicando que estes factores são “muitas vezes geradores de conflitos”.

A psicóloga não duvida de que a situação económica do país e a crise em geral vão agravar a situação. “Já diz o povo: casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”, acrescenta.

Teresa Fernandes ressalvou que isto não explica a totalidade do fenómeno, mas “são factores externos que vêm contribuir para criar um conflito e depois quando as pessoas já não têm uma capacidade de resolução de problemas apropriada recorrem rapidamente à violência”.

Segundo disse, está comprovado estatisticamente que “o Natal, férias de Verão, noites e fins-de-semana são sempre períodos muito mais complicados”.

O gabinete de apoio à vítima de violência doméstica, a funcionar no Governo Civil de Bragança, atendeu, em 2009, 182 vítimas. Este ano, até Novembro, contabilizou 101, segundo a técnica.

O número de denúncias está aumentar no Distrito de Bragança, sobretudo por parte dos idosos, os maiores de 65 anos, que já representam entre “dez a doze por cento” dos casos, em que “a faixa etária mais representada (ao nível das denúncias) é a dos 25 aos 44 anos e maioritariamente mulheres”.

O núcleo terminou hoje uma semana de acções contra a violência doméstica com uma marcha em que envolveu as três escolas secundárias da cidade e dois agrupamentos e várias entidades locais.

Além da aposta nos jovens para fazer passar a mensagem, esta semana termina com um seminário sobre como denunciar - apresentar queixa - mas também pedir apoio.

“Aquilo que nós pretendemos hoje e ao longo desta semana vir a dizer é que existem outros apoios na sociedade que permitem que a pessoa saia do seu contexto de violência doméstica, tenha independência económica e emocional, seja apoiada no seu projecto de vida e afastada da violência”, afirmou.

A técnica rejeitou a ideia de que no interior rural exista mais violência doméstica do que nas grandes cidades, garantindo que esta região “proporcionalmente com o resto do país está com as mesmas características ao nível das denúncias”.

“O que acontece nos meios rurais é que, de facto, existe um baixo nível cultural, económico, um consumo exagerado de álcool e drogas e tudo isto serve para aumentar os casos de violência doméstica, mas não estamos afastados da realidade e da média nacional”, assegurou.

Fonte: http://www.publico.pt/SOCIEDADE/VIOLENCIA-DOMESTICA-DISPARA-NO-NATAL_1468045

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