sábado, 11 de fevereiro de 2012


Um em cada quatro portugueses vivia em risco de pobreza ou exclusão social em 2010


Um em cada quatro portugueses vivia, em 2010, em risco de pobreza ou exclusão social, um número ligeiramente superior à média europeia, segundo dados divulgados hoje pelo Eurostat.

Os dados do Gabinete de Estatísticas da União Europeia (UE) indicam que a percentagem de portugueses a viver em risco de pobreza ou exclusão social aumentou de 2009 (24,9 por cento) para 2010 (25,3%).  
Estas pessoas encontravam-se em, pelo menos, numa das seguintes três condições: em risco de pobreza, em situação de privação material grave ou a viverem em domicílios com intensidade de trabalho muito baixa.   
Comentando estes dados, o presidente da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza afirmou à agência Lusa que estes números correspondem à realidade e que "a tendência é para aumentar".  
"Ainda não temos dados, mas a situação já piorou em 2011", disse o padre Jardim Moreira, lembrando que "o desemprego leva necessariamente as pessoas a ficarem sem poder de compra" e, como consequência, alguns retiram os filhos da escola, outros emigram, entre outras situações. 
"É um problema um bocado negro", comentou, acrescentando: "Quase todas as semanas, vemos empresas a fechar e, também quase todas as semanas, temos mais cortes, mais impostos. As pessoas aguentam, mas não sei até onde, vamos ver". 
Os dados do Eurostat referem que as crianças apresentam maior risco de pobreza e exclusão social do que o resto da população. 
Na UE27, em 2010, 27% das crianças com menos de 18 anos foram afetadas, pelo menos, por uma das três formas de pobreza ou exclusão social, contra 23% da população em idade ativa (18-64 anos) e 20% dos idosos (65 ou mais anos).   
As crianças foram as mais afetadas em 20 estados-membros, enquanto que os idosos eram os mais atingidos na Bulgária, Eslovénia, Finlândia e Suécia. Na Dinamarca, foi a população em idade ativa a mais afetada. 
Os dados do Eurostat não referem a situação portuguesa, mas o padre Jardim Moreira adianta que Portugal é um dos países com um índice mais elevado de crianças pobres (24%). 
"Com os pais no desemprego, muitas crianças deixam de ter apoio alimentar, qualidade de vida e outras abandonam a escola", adiantou. 
Para o presidente da EAPN, as crianças são as que "vão sentir mais rápido a pobreza familiar". 
Os idosos também são afetados porque a família não tem recursos para os acompanhar e abandona-os, disse, alertando que, se a vizinhança não se preocupar com eles, correm o risco de morrerem sós por fome e abandono, como tem vindo a acontecer. 
O padre Jardim Moreira disse ver "com muita preocupação a contínua caminhada para um empobrecimento coletivo" porque não vê solução para o problema. 
"As pessoas ficam cheias de medo pela sua insegurança e algumas são menos capazes de pensar e partilhar com os outros", acrescentou. 
Para o responsável, "a resposta à crise passa por uma mudança de atitude do coração das pessoas, de mentalidade e de comportamento". 
Em 2010, 115 milhões de pessoas (23,4% da população) viviam em risco de pobreza ou exclusão social, sendo as percentagens mais elevadas registadas na Bulgária (42%), Roménia (41%), Letónia (38%), Lituânia (33%) e Hungria (30%) e as mais baixas na República Checa (14%), Suécia e Holanda (ambos 15%), Áustria, Finlândia e Luxemburgo (todos 17%).  
Lusa


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