Ciclo vicioso

Das coisas que mais me incomoda quando vou a uma entrevista é aquele tipo de respostas: "Não tem experiência nesta área" ou "Não tem muita experiência". A pouca experiência que tenho situa-se no âmbito da toxicodependencia. Ora posso não ter experiência na área para a qual me estava a candidatar, mas que eu saiba tirei o mesmo curso do que as colegas que lá estavam.....e a experiência adquire-se. E para isso basta as pessoas darem-nos oportunidades. Ora se a conversa é sempre a mesma tanga de sempre a minha falta de experiência, que nunca será colmatada enquanto as pessoas teimarem em não me dar uma oportunidade. Eu quando comecei a trabalhar na área da toxicodependência também não tinha experiencia e isso não impediu de me darem uma oportunidade. Não sou melhor e nem pior do que ninguém, mas até tenho boas referencias do sitio por onde passei. Ainda era estagiária e estava lá há 2 semanas e nesse curto espaço de tempo provei que era uma boa profissional, era a única estagiária que fazia noites, ou que fazia actividades sózinha com os utentes....e estava lá apenas 2 semanas e deram-me logo luz verde e nunca, mas nunca senti que controlavam os meus passos naquela instituição. Lembro-me perfeitamente quando a directora do projecto onde eu estava solicitou a Directora Técnica a possibilidade de assegurar turnos sozinha, e a resposta foi: "Confio plenamente nela, por mim pode começar a assegurar os turnos dela sozinha. Ela é muito responsável."

E nessa altura não tinha experiencia de nada, mas houve que acreditou e confiou em mim. 

Hoje em dia sinto-me num ciclo vicioso. Porque as respostas são sempre as mesmas, prende-se essencialmente com a minha falta de experiência, mas se não me dão oportunidades vou continuar com falta de experiencia, é um ciclo vicioso. E continuo sem ver a janela para poder sair. Posso não ter experiência, mas tenho competencias que adquiri e que em muito quero voltar a pôr em pratica, mas sinto cada vez mais como se isso fosse impossivel. Que saudades de trabalhar. E depois ainda dizem que os jovens não querem trabalhar. Era telefonarem hoje, que amanhã já lá estava.