De acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2009, relativo aos rendimentos de 2008, a taxa de risco de pobreza caiu 0,6 pontos percentuais comparativamente ao ano anterior.
Por outro lado, o fosso entre ricos e pobres diminuiu em 2009: de acordo com o valor provisório hoje divulgados pelo INE, o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade, melhorou para os 35,4 por cento no ano passado, evidenciando uma “melhoria no distanciamento entre a população com maiores e a população com menores rendimentos”.
“Estes dados não reflectem os impactos da actual crise, que se agudizou muito durante o ano de 2009 e se mantém, com tendência a aumentar esse agravamento, em 2010”, considerou o presidente da Caritas Portugal, Eugénio Fonseca, em declarações à Lusa.
Já a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA) apontou que os dados do INE “são expectáveis, dada a situação de crise que se regista”, mas diz que gostava de ver dados mais actualizados.
“São dados relativos a 2008, estamos com ano e meio de atraso e eu gostava de ver dados que fossem actuais porque a grande incidência do desemprego foi nos últimos meses, no último meio ano, e gostava de ver como estes dados seriam actualmente”, disse Isabel Jonet.
O secretário da Pastoral Social, da Conferência Episcopal Portuguesa, apontou que apesar dos dados do INE serem científicos, “são sempre dados relativos a um passado”.
“Nós temos uma experiência em relação às instituições ligadas à Igreja [Católica], ou que nós acompanhamos, que mostra que os pedidos de ajuda não pararam de aumentar substancialmente ao longo deste ano, entre finais de 2009 e 2010”, revelou o padre José Manuel Pereira de Almeida.
O sacerdote não tem dúvidas de que estes serão dados já desactualizados e que são necessárias medidas “com uma urgência ainda não conhecida nos nossos dias”.
“Exige alterações em termos estruturais bem mais para lá do que é a simples resposta às urgências imediatas porque senão, depois de passar a crise mundial que temos, ficaremos a braços com outra, que é destrutiva e cujo quadro é insustentável”, defendeu.
O presidente da Caritas lembrou que os dados do INE mostram que “se perpetua uma especificidade da pobreza que é a natureza estrutural” e defendeu “como muito importante” que “se aproveitassem os dados estatísticos dos serviços da Segurança Social para se conseguir ter em tempo real informações mais objectivas sobre estas problemáticas”.
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Observações pessoais:
Ter números, estatísticas aqui e agora que retratem a realidade actual é muito dificil. E mesmo quando temos os números mais ou menos actualizados, na minha opinião não retrata na sua plenitude a realidade. Acredito que a realidade é muito mais "negra" do que os números mostram. O aumento do desemprego ainda pinta este cenário de forma mais negra e obscura.
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