sábado, 10 de julho de 2010

Lagarteiro: Daqui (quase) ninguém sai

Emília parece ter falido, como o bairro que habita, no Porto Oriental, já na fronteira com Gondomar. É como se aqui dentro, neste apartamento com janelas que só abrem para estender e tirar roupa, esperasse que algo libertasse as filhas e ao libertá-las a libertasse também.

O presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Fernando Amaral, acredita que este lugar periférico – inscrito numa zona com laivos de ruralidade, mal servido de transportes públicos, dotado de uma rede viária deficiente – se libertará. O Lagarteiro é um dos três contemplados com a Iniciativa Bairros Críticos, promessa de reabilitação urbanística e de reforço de cidadania.

Não haverá obras dentro das casas, como Emília e os vizinhos tanto desejam. Apenas nos espaços comuns. Os políticos anunciam-nas para agora – para o segundo semestre deste ano. Os promotores distribuíram informação nas caixas de correio, mas Emília sabe lá. “Vivo aqui desde a idade do meu Miguel. Eu tinha 18 anos quando tive o meu Miguel. Nunca vieram fazer obras.”

Emília diz isto a apontar a tinta branca a escamar no tecto da cozinha, mesmo por cima dos armários brancos que ela e o marido há tanto ali colocaram. Vive aqui desde que o bairro foi inaugurado, em 1973, então com 248 habitações distribuídas por nove blocos. Já vivia aqui quando o bairro foi ampliado, em 1977, e passou a ter 446 habitações em 13 blocos.

Está atarantada com uma carta que chegou da Segurança Social por causa da suspensão do Rendimento Social de Inserção (RSI) da filha mais velha. E com a técnica da Reinserção Social que anda pelo bairro a fazer perguntas – tem de escrever os relatórios sociais.

As “meninas”, a Alice e a Tânia, estão presas desde 15 de Fevereiro de 2009. Respondem por tráfico de droga. O “menino”, o Miguel, está preso desde 28 de Março de 2008. Batia na companheira. Um dia, bateu-lhe tanto que ela não aguentou mais e foi à esquadra que antes era no bairro e agora é ao pé dos correios. Para os ver, a mãe corre ao fim-de-semana.

De manhã, Emília vai “às meninas”, ao Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos. De tarde, vai “ao menino”, ao Estabelecimento Prisional Regional do Vale do Sousa, e ao ex-genro, a dois passos, ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira. Não vai sozinha. Leva as crianças – apesar do ex-genro já ter ameaçado a ex-companheira, já ter ameaçado a ex-sogra, já ter ameaçado a filha.

Sobrevive com o Rendimento Social de Inserção (RSI) e com os abonos. Nem consegue pensar em trabalhar. Nem ela nem o marido, que teve um enfarte quando “as meninas” foram presas. Ainda é novo para a reforma – 59 anos, mais quatro do que a mulher –, mas perdeu o alento. Já era diabético, já tinha “problemas nos pulmões”. Agora, é um pai entristecido, de coração débil.

Há muita doença neste bairro. Rita Mendes, a coordenadora do projecto Escolhas, sente-o todos os dias. O queixume está sempre a entrar nos gabinetes dos técnicos que lidam com o Lagarteiro. E são tantos – Segurança Social, junta de freguesia, projecto Escolhas, Associação Norte Vida, Centro de Respostas Integradas Porto Oriental, Cooperativa Arrimo…

Emília está desfeita. Basta olhar para ela para a perceber desfeita. Reza. Não procura um psicólogo ou um psiquiatra, não vá isso servir para lhe retirarem os netos: o filho de Miguel e a filha de Alice, que ela ajudou a crescer.

Aqui, o RSI não estigmatiza. Aqui, há mais processos de RSI do que casas. Paradoxo: houve um salto inusitado desde de que foi anunciada a Iniciativa Bairros Críticos. Em 2006, 237 famílias recebiam RSI; hoje, 488.

Não lhe venham falar em cursos que não sabe para que servem nem em empregos que a impediriam de cuidar do marido e dos netos. O marido distribui publicidade quando aparece. Um trabalho tão incerto e tão mal pago que nem com ele terá contado o técnico que fiscaliza o RSI.

Não falta economia informal dentro destes blocos cor de tijolo ou cinzento-encardido. Enquanto Emília reza, Filomena senta-se na carrinha branca que está a pagar “à financeira” e que tem uma bandeira de Portugal atrás e um cachecol de Portugal à frente. É entre aquela toalha e aquele cachecol que guarda a fruta e os outros produtos que tenta vender a quem passa.

“No ano passado, a assistente social da Segurança Social viume aqui sentada e cortou-me 100 euros no RSI. Fiquei com 86 para o mês inteiro! O RSI é para a casa! Se a gente ganha alguma coisa a vender, é para comer. Ela diz que eu posso trabalhar! Eu trabalho desde os sete anos!”

A fábrica que a empregava fechou. Como fecharam muitas fábricas na zona oriental do Porto, no distrito, na região. E ela não se deprimiu. Recusou-se a ser mais uma mulher deprimida num dos mais deprimidos bairros de uma das mais deprimidas zonas de um país deprimido.

O Porto ampliado

O Lagarteiro é o Porto ampliado, interpreta Virgílio Pereira, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto: “Não é só a baixa escolaridade e a baixa qualificação profissional [a reproduzir pobreza, exclusão]. É também a ausência de trabalho ou a existência de trabalho muito precário.”

A industrialização do Porto, que principiou em meados da segunda metade do século XIX, atraiu muita gente do interior, do campo. E foi para resolver os severos problemas dessa gente que se amontoava, que vivia em condições insalubres, que em 1956 arrancou um megaprograma de realojamento em bairros que se foram construindo na periferia.

A desindustrialização das últimas décadas deixou pais desempregados e filhos sem perspectivas de emprego. “Noutras zonas, houve desindustrialização, mas a população tem relações mais móveis com o trabalho. No Porto, o enraizamento geográfico é intenso”, salienta Vergílio Pereira. Que quer isto dizer? O fechamento do Lagarteiro, como o fechamento de Emília, não é só físico. As pessoas que aqui moram tendem a viver quase só em torno do espaço do bairro e da área envolvente. E isso impede-as de irem à procura de oportunidades onde elas existem.

“Filomena da fruta”, volta de ouro ao pescoço, argolas de ouro nas orelhas, mostra um bilhete de penhora: “Fui empenhar um anel e uma aliança para ter dinheiro para esta semana: 189 euros! Quantas vezes vou empenhar coisas! Se lhe fosse a mostrar o saco de papéis que tenho em casa! Oh! Gasto 130 euros por mês em medicamentos e vou à doutora pedir ajuda e ela diz que não tem dinheiro. Sou diabética. Tenho dois nódulos na tiróide. Tenho um fibroadenoma na barriga. Há tempos, caí da carrinha e parti os dentes. Ando a tirá-los. Se fosse outra, metia-se em casa.”

Vive com a filha, de 32 anos, e com um neto, de oito, num T3 impecavelmente arrumado: “O menino é hiperactivo e o pai é um garoto: não ajuda! Até se desempregou para não dar nada ao filho. Trabalhamos muito eu e ela para lhe dar tudo o que ele precisa, para ele ser mais do que a gente. Ele não vai a lado nenhum sem ela. Ela também tem RSI. Ela andou a fazer o 9.º ano, no Novas Oportunidades, mas foi de noite. Vai fazer o 12.º agora!”

São sempre as mesmas caras no gabinete de atendimento de junta de freguesia, a funcionar duas tardes por semana – e a fazer monte, apesar de, com a Iniciativa Bairros Críticos, a Segurança Social aqui ter colocado uma técnica. O assistente social José António Pinto trabalha no bairro desde 1997. Conhece-as, conhece as suas vidas. Albina ajuda-o a aliviá-las.

“Bininha” também ficou sem emprego aos 50, quando a fábrica fechou. E assim, desocupada, começou a ocupar-se de quem dela precisava.

“Estive dez anos a olhar por um velhinho. Ele tinha Alzheimer. Eu dava-lhe o banho, fazia-lhe a barba, cortava-lhe o cabelo.”

O “velhinho” chamava-se Adelino e “estava muito sozinho”. Uma doutora, lá do centro de dia, é que lhe disse: “’Bininha’, é preciso deitar a mão a este senhor.” A casa “estava muito velha”. “Bininha” até lhe pregou tábuas no chão. Um dia, fez um requerimento à câmara e a câmara chamou a Segurança Social para o levar para um lar. Ele deixou de andar ao terceiro dia.

O sr. Adelino ainda dormia em casa e já alguém falara com “Bininha” sobre o sr. Manuel. Não deixava a mulher, alcoólica, dar-lhe banho. E lá ia “Bininha”. Também ia ajudar a vestir o sr. Ernesto, que “passava a vida no Hospital do Conde de Ferreira”. A certa altura, eram três. Aqueles dois e uma senhora, “que morreu aos 90 anos”. Mas para essa pagavam-lhe. “Os filhos ganham bem”. “Bininha” ficava lá “de dia e de noite”.

“Se ela durava mais tempo, eu não aguentava. Estava sequinha, sequinha. Mal comia para estar à beira dela!”

Ajuda no posto dos correios; dois dias por semana, ajuda no gabinete da junta; e com isso faz vida. Chega às 13h45, abre a porta, toma nota (na cabeça) dos nomes por ordem de chegada. Limpa. Se for preciso, vai entregar um papel, vai chamar alguém. Ainda há pouco, foi “com o dr. Pinto dar banho a um homem”. Lavaram-no, vestiram-no, levaram-no ao hospital.

“Foi despejado. A cabecinha não regula bem. Agora dorme nas urgências do Hospital Santo António.”

Às vezes, “é complicado”. Há pessoas “desesperadas, que precisam de dinheiro para pagar a água, a electricidade ou a medicação”. Acontece entrarem furiosas. Apesar do técnico ser acarinhado, ainda há pouco “Bininha” teve de se meter à frente de um que o ameaçava.

Ela não mora aqui. Mora a uns metros. Mas há uma relação de anos. Vem um e diz: “Ó ‘Bininha’, dê-me uma moeda para um café!” E ela leva a mão à carteira. É preciso qualquer coisa: “Vai à ‘Bininha’, que ela resolve!”. E a pessoa não tarda a procurá-la: “Ó ‘Bininha’!”

“Este bairro é uma miséria!”

“Só Deus nos pode julgar”

Como é que se chegou a esta dependência? José António Pinto, mestre em Sociologia, culpa o modelo de desenvolvimento económico, “que não cria oportunidades de inserção através do trabalho”; a formação profi ssional, “que leva a concluir que fazer cursos não traz emprego” (se a bolsa for inferior ao RSI, “ninguém se inscreve”); e as “políticas sociais desajustadas” (“ganha 450 euros, tem de pagar infantário, renda, água, luz”).

O comportamento do poder local também lhe faz comichão: “A junta tem um posto de atendimento, a câmara manda cartas.” E o dos moradores: “Não há uma associação de moradores. Parte-se um vidro, insulta-se o carteiro, conduz-se sem capacete. Ninguém toma uma posição porque não há uma estrutura organizada. As pessoas não têm noção do que são deveres, direitos, cidadania. E não têm auto-estima, estão sem energia, acreditam que fracassaram, que não são capazes de mudar a sua vida nem a da comunidade.”

Quem aqui mora sabe ser olhado de lado por quem não mora aqui. Ninguém quer vir aqui. E quando alguém sai daqui leva, quase sempre, o bairro consigo. Nos jeitos – de andar, de falar, de estar. E, também por isso, muitos parecem colados aos muros. Numa das paredes da escola de primeiro ciclo, marcada pelo insucesso e pelo absentismo, alguém escreveu: “Só Deus nos pode julgar”.

Às vezes, só resta a fé. “Lúcia do avental”, empertigada nos seus 75 anos, nunca a perdeu. Tem uma colecção, logo na entrada, de nossas senhoras e de santinhos com sensibilidades diversas. E passa rifas, mas já passou drogas. E teve dez filhos, mas já viu morrer seis.

“Passaram tanta fome quando eram pequenos e não morreram! Morreram grandes. Dois de acidente, um de cancro, dois por causa da droga. O último morreu há uns meses com uma cirrose. Ele pedia a Deus para levá-lo. Eu dizia-lhe: ‘Tens de sofrer. Quando Deus quiser, vais’.”

Está cansada. Recebe 230 euros de reforma. E, com isso, nem água nem luz paga – aqui há muitas As pessoas que aqui moram tendem a viver quase só em torno do espaço do bairro e da área envolvente. E isso impede-as de irem à procura de oportunidades onde elas existem puxadas de água e de luz (cada vez que os fornecedores cortam, chama-se quem sabe ligar).

“Já devo uns quatro mil euros de luz, uns cinco mil de água. Deixou-se de pagar quando estava presa. Enquanto uma filha aqui viveu, pagou tudo direitinho. Depois ficou outra, a mãe desta minha neta que está aqui, e essa gastava tudo em droga. Se me deixassem pagar cinco contos por mês, eu abatia…”

A neta instalou-se no T4. E trouxe o marido e o filho, bebé. E ainda há pouco ficou um neto com pulseira electrónica.

“Já pedi tantas vezes para mudar! Queria ter uma casa tipo 1, para estar sossegada o resto da minha vida.”

Bailarina dos The Puppet’s

É este convívio forçado de gerações que aqui gera mais processos de RSI do que de casas. Daisy, uma rapariga de 28 anos com uma lágrima tatuada no rosto, acaba de perder a sua.

“Trabalhava poucas horas. Não tinha ordenado fi xo. Estive um ano e tal sem pagar a renda. Tive uma ordem de despejo. Fiz um plano de pagamento. Recebia 180 euros de RSI e fui pedir um subsídio extra à Segurança Social. Quando pedi que me baixassem a prestação, disseram-me que tinha de sair, que a casa estava só em nome da minha mãe. A minha mãe já saiu há tanto tempo! Eles sabem! Estou com a minha avó há um mês e meio. É horrível.

É muito empenhada como bailarina do grupo de hip-hop The Puppet’s. Não o é como aluna do “curso de autonomia” que acaba de iniciar. Isto “é só um curso daqueles que ensinam a cozinhar, a lidar com a família, com o emprego”. E ela está lá “só por causa do dinheiro”: 420 euros mais subsídio de alimentação e de transporte, bem melhor do que os 180 de RSI.

O que queria era tirar um curso de organização de eventos. Adora dançar, adora organizar espectáculos. The Puppet’s faz dois ou três por mês. The Puppet’s Kids faz outros tantos e ela ajuda-os sem cobrar. Dá aulas de dança hip-hop. Mas nem juntando o que ganha no hip-hop ao que ganhava com o RSI conseguia enfrentar as despesas básicas.

Não morre de amores pelo trabalho. Sempre tiveram uma relação estranha. Abandonou a escola aos 12 anos para trabalhar numa fábrica. Aos 17, engravidou e o companheiro proibiu-a de trabalhar. Só voltou a trabalhar quando o deixou – aos 25. E desde então saltita de trabalho em não trabalho.

“Não fico muito tempo. Não gosto que me calquem. Se calhar, tenho de aprender a engolir. Se calhar, sou assim e nunca vou mudar.”

Não vê o emprego como fundamental?

“Neste momento, o único curso que tenho é de ajudante de cozinha. Se arranjo um trabalho a ganhar 500 euros e uma casa a pagar 300, com que dinheiro fico? O que como? Estou um bocado perdida. Tenho de conseguir recuperar o meu espaço, os meus dois filhos, mas vai demorar. Vou viver o dia-a-dia. Não vou fazer planos. Fazer planos não leva a lado nenhum.”

Alguém fez planos para ela, como alguém fez planos para o bairro. O plano feito para o bairro combate a pobreza? “Ainda decorrem negociações para ultimar aspectos do projecto, pelo que se considera prematuro produzir declarações neste momento”, respondeu o assessor do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, quando se lhe pediu para conversar sobre isto com a coordenadora da equipa que aqui se instalou em Fevereiro de 2009.

José António Pinto não acredita que a Iniciativa Bairros Críticos resgate o Lagarteiro à letargia: “As pessoas estão cansadas de projectos. Os resultados têm sido zero. O que é a Iniciativa Bairros Críticos? Uma comissão de festas! As questões centrais passam-lhe ao lado. As pessoas precisam de obras dentro de casa, de desdobramentos, de equipamentos sociais, de emprego. Nem só o edificado é importante? É verdade. É preciso melhorar a auto-estima? É verdade. Mas o bairro está pior. Há mais pobres, mais putas, mais tráfico, mais esquemas, mais economia paralela. Também há mais parabólicas…”


Ana Cristina Pereira


Consultar aqui


Observações pessoais:
Concordo com algumas coisas, discordo de outras. Acho que o RSI é muita das vezes mal empregue. Custa-me aceitar que para pessoas sem obrjectivos pessoais e profissionais haja um enorme facilitismo para conseguir a atribuição de RSI, para pessoas que tiveram pequenos azares que lhes modificou a vida esperam meses pelo deferimento. Tenho uma amiga minha, divorciada, com um filho de 5 anos. Separou-se recentemente porque era vitima de maus-tratos fisicos e essencialmente psicologicos, e p processo da separação e da guarda da criança continua a desenrolar-se nos tribunais. Enquanto isto, a minha amiga foi obrigada a ir para casa dos pais.Desempregada e com um filho de 5 anos, resolveu apostar nela propria e investir num sonho antigo: tirar a carteira profissional d cabeleireira. Viu-se obrigada a recorrer ao RSI para se sustentar, sustentar o filho, e conseguir pagar o seu curso para mudar o rumo da sua vida. Esperou 5 meses e teve que fazer prova mais que uma vez que estava em processo de divórcio, porque o requerimento vinha sempre indeferido.Hoje trabalha num salão de cabeleireiro cá em Coimbra, continua a viver em casa dos pais com o seu filho. O processo continua a arrastar-se nos tribunais. Mas está a começar a organizar a vida dela, a juntar uns trocos para um dia ter o seu cantinho.O ex-marido da minha amiga, denunciou a CPCJ que ela maltrata a criança e que a criança nao tinha condições habitacionais e que passava fome. As técnicas da CPCJ na mesma semana foram conhecer o lar da minha amiga, mas para a ajudar esteve 5 meses à espera do deferimento do RSI.

Não acredito que o problema do Lagarteiro passe só pelo bairro, pelo ambiente e pessoas do bairro, não acredito que é por as pessoas terem-se deixado ficar pelo bairro ou pela área circundante. Acredito que passa pela falta de expectativas que as pessoas tem acerca de si proprias e a forma como isso transcende as gerações. Se temos fracas expectativas acerca de uma criança, e se as deixarmos transparecer, a criança vai interiorizar isso e acaba por ser uma pessoa com fracas expectativas acerca de si propria e do seu desempenho. A imagem do Lagarteiro contribui e muito para este cenário.

Penso que exige medidas multidisciplinares e criativas para tentar encontrar o bom caminho. Os recursos são escassos e o Estado aposta cada vez menos na área social. O peso deste cenário e de outros vai-se amontoando como quando deixamos acumular a roupa para passar a ferro. Afecta-nos a todos, tem um enorme impacto na sociedade em geral, mas para os politicos que vivem em bairros ou apartamentos fantásticos o que é que isso importa????

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