segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Gente que se faz à vida"



A reportagem principal da revista do JN deste domingo merece ser lida. Fala-nos de jovens que são licenciados e que, juntamente com o seu trabalho principal, acumulam outros trabalhos, nem por isso menos dignificantes que a sua principal fonte de rendimento. 
Uma bancária que trabalha no Pingo Doce ao fim de semana. 
Um professor de ensino especial, que trabalha ao fim do dia num call center e é DJ de vez em quando. 
Uma engenheira industrial que também é cozinheira. 
Um geólogo que é funcionário de uma loja da Disney. 
São algumas das pessoas que nos fala esta reportagem. Quando uma pessoa tira uma licenciatura, o grande sonho é encontrar um trabalho onde se possa mostrar todas as capacidades, onde uma pessoa se sinta realizada. Mas nem sempre isso é possível e todos nós sabemos disso. Mas não se pode desistir. Mesmo que haja fases mais complicadas, baixar os braços é fugir dos desafios. 
E esta reportagem vale a pena, porque trabalhar em certos locais não é vergonha nenhuma. Para se atingir um determinado caminho, por vezes, há que passar por algumas curvas difíceis de ultrapassar, mas nem por isso impossíveis de superar.


"Há que estar sempre a lutar, a mostrar, a inovar. A licenciatura não nos abre portas, isso é um erro. Dá-nos é infra-estruturas de pensamento e de procedimento. O resto temos de ser nós a fazer." (retirado da reportagem)
 
Observações Pessoais:
As meninas deste blog que eu acompanho e sigo de perto colocaram esta notícia, e eu acho que faz todo o sentido debater estas ideias.

Não sou melhor que os outros....simplesmente sou dotada de uma personalidade própria, muito determinada e incapaz de baixar os braços. Recuso-me a dar-me pelo nome de geração à rasca, ou geração que não se desenrasca! Muitas das vezes o problema nem é ter ou não ter trabalho. Mas sim, saber que o ordenado que nos chega à conta é insuficiente para pagar as nossas despesas. Revejo-me neste texto. Faço o que amo fazer, não mudaria de emprego simplesmente pelo factor ordenado, mas a verdade é que o meu ordenado não se pode comparar aos da função pública, e sim algumas vezes torna-se insuficiente para pagar todas as despesas da casa. Água, gaz, luz, mais mensalidade do mestrado, mais mensalidade do infantário, mais a manutenção da casa, carros, e respectivos seguros, não permite grandes extravagâncias para o meu ordenado. Mas para ir de férias faço alguns sacrifícios como tantos outros jovens, aproveito os meus fins-de-semanas para outros pequenos trabalhos. Faço de tudo um pouco, trabalho com os meus pais que são comerciantes ambulantes, andam de feira em feira, sim como os ciganos, a vender os seus produtos. E nestes pequenos mercados, não é como uma loja em que as pessoas entram, veem o que querem e compram, nestes pequenos mercados, as pessoas regateiam os preços, chegam a ser muito mal educadas e comparam os diferentes preços nos diferentes comerciantes. É isto que muitas vezes faço, e a maioria das pessoas que me conhece desde pequena e que sabe que tenho um curso superior e que trabalho na minha área não entende. para mim é uma forma de primeiro agradecer todos os esforços que os meus pais fizeram por mim, e por outro lado, trata-se de uma forma de juntar uns trocos para ir de férias com o marido e a pequenota. Aliado a isto, ainda faço aprsentações de power point, auxílio pessoas que estão a tirar o CAP e ajudo-as na realização dos materiais necessários. E isto traz-me alguns trocos extra, que muitas vezes canalizo para aqueles brinquedos caros da minha boneca, e outras vezes para aqueles pequenos mimos e escapadelas de 4 ou 5 dias. Se vale a pena, tanta noite mal dormida, para conseguir fazer tudo??? Claro que vale! Dou mais valor ao tempo que passo com a minha família, dou mais valor ao dinheiro que gasto num simples café, enfim, acho que a vida me tornou uma pessoa diferente. Ás vezes quando sei de ofertas de emprego cujo ordenado é cerca de 700 ou 800 euros e contacto pessoas que conheço que estão desempregadas e que face à proposta preferem estar em casa, fico frustada, indignada. São coisas que não percebo!

Um comentário:

  1. Antes de mais, obrigado pela divulgação do post. De facto a reportagem merecia destaque. Revi-me em muitas daquelas pessoas. O ano passado, apesar de estar a trabalhar a tempo inteiro durante a semana, arranjei um part-time ao fim de semana num shopping que me permitiu algum dinheiro extra, mesmo que não fosse nada de extraordinário.
    Apesar de tudo algumas pessoas disseram-me que não valia a pena aquele esforço, porque trabalho já tinha eu. Mas a verdade é que cada um tem os seus objectivos. E eu trabalhava porque queria.
    Quando vejo pessoas que não respondem a anúncios de emprego porque o ordenado não é compatível com os seus "desejos/ideais" acho inacreditável.
    Isto não está fácil. Mas também não é altura de cruzar os braços e esperar sentada no sofá à espera que um emprego fantástico nos chegue às mãos.

    ResponderExcluir