A Assembleia Geral das Nações Unidas em 1990 designou o dia 1 de Outubro como Dia Internacional do Idoso, a esta iniciativa não foi alheio o continuado processo de transição demográfica verificada na última metade do século XX, com o decréscimo simultâneo das taxas de mortalidade e de natalidade, sustentando o fenómeno de um envelhecimento populacional mundial
Relativamente à população Portuguesa assistimos ao aumento extraordinário da sua longevidade. A esperança média de vida á nascença duplicou em menos de um século (era de 38 anos em 1920, de 78,5 anos em 2006)
Este aumento na longevidade traduz a revolução que se verificou nas condições de vida das populações e na melhoria dos cuidados de saúde com reflexos na autonomia dos mais idosos enquanto membros activos da sociedade em que vivem.
Representa um sucesso e um desafio extraordinário para a humanidade, mas é visto como uma ameaça à sustentabilidade da segurança social, devido ao envelhecimento da população uma vez que o Índice de dependência de idosos evolui de forma preocupante no mundo ocidental.
Em Portugal de 26 idosos por cada 100 activos em 2006 (eram 20 em 1990) estima-se para 2032 , 58 idosos por cada 100 activos.
Penso que esta classificação etária não nos pode bloquear e que devemos reflectir sobre a mesma. Devemos afastarmo-nos de uma perspectiva idadista que classifica os cidadãos como menos capazes em razão da idade. De facto, o nosso dia á dia coloca-nos imensos problemas cuja capacidade para resolver está condicionada não pelo factor idade mas sobretudo pela nossa capacidade de autonomia nas diferentes vertentes física, psíquica e socio-económica.
Evoluímos da percepção ética da velhice, onde o mais velho é o repositório do saber da comunidade, da experiência E POR ISSO valorizado pela sabedoria de vida que trás associada para a percepção contemporânea onde se assiste à desvalorização e marginalização do idoso face ao processo natural do envelhecimento e ao ritmo de vida da sociedade, fomentando violência, quer efectiva, quer por omissão.
Se a violência física nos horroriza por que em cada agressão é a dignidade humana do idoso que é recusada, a Violência que não é visível, que tem o ónus da omissão, da percepção, do silêncio põe em causa o primado da garantia dos direitos humanos e torna mais difícil a intervenção .
Neste contexto não basta evocar o dia internacional do idoso é necessário combater todas as formas de violência, com que somos confrontados diariamente, dirigidos à dignidade dos nossos mais velhos que contrariam as expectativas que melhores condições sociais e económicas reduzem vulnerabilidades e assimetrias sociais.
Assistimos a uma sociedade em que a solidariedade familiar e social pode ser ultrapassada pelo egoísmo e rejeição de responsabilidades para com os outros. No entanto é justo reconhecer, que apesar de todas as mutações dos modelos familiares, é a família que continua a ser a célula fundamental de prestação de cuidados e de acompanhamento efectivo e isso deve ser reconhecido e valorizado.
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