segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dias assim.....

Pensei que era uma super mulher que aguentava tudo e que já tinha visto de tudo um pouco. Já não me lembro de chorar assim. Hoje "os meus novos clientes" partiram-me o coração. Cheguei a casa agarrei a minha filha e dei graças pelo o que tenho, pelo que ela é. Isto não vai ser fácil, tenho de aprender a gerir isto da melhor maneira. Ao pé deles, é uma situação que se gere bem, depois quando o silêncio chega enquanto conduzimos e a chuva bate na janela, é que me doí o coração. Não tenho pena deles, aliás ter pena é o pior sentimento que se pode ter. Mas toca-me o coração. Não consigo evitar me colocar no papel daqueles pais e mães, não consigo imaginar o sofrimento e muitas vezes a impotência que se deve sentir....não sei. É uma dor que me toca na alma, no silêncio que sempre adorei contemplar após um dia de trabalho. Nem sei explicar o que me doi ou porque me doi. É uma sensação estranha, onde o céu deveria ser o limite e eu sinto-me limitada. Sinto que não sei se vou conseguir chegar lá, aquele sitio que todos queremos chegar no mundo dos nossos "clientes". Tenho medo que me falte as forças, sinto-me assustada mas cheia de força. Cheia de sentimentos e pensamentos contraditórios e com uma dor que me está a consumir a alma.

4 comentários:

  1. Para chegar ao lugar de que falas, muitos pequenos momentos são necessários. Nós, tendencialmente, começamos a ver esses instantes como rotina. Para eles não são.

    Força!

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  2. Não gosto nada da palavra "cliente" e não percebo porque insistem em usar, é o utente e não cliente e os proprios professoras da faculdade nos ensinaram esse termo...
    Desculpa não é uma critica.
    Cumprimentos

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  3. Desculpe meter-me, mas não consegui passar sem deixar de me manifestar. Não sei em que faculdade andou e nem em que ano terminou a licenciatura, mas na minha não foi de certeza senão não faria essa afirmação. Independentemente de concordar ou não com o seu ponto de vista, a verdade é que na minha licenciatura em disciplinas de acção social ou politicas sociais sempre nos foi ensinado o porquê do uso da palavra cliente. Depois com as novas questões de qualidade em ipss, é obrigatório o uso desta palavra. Já experimentou numa auditoria referir-se a um cliente como utente? Experimente, é deveras interessante. Se eu concordo ou não com esta palavra, acho que está explicito pelas aspas. Agora tire as ilações que entender.

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  4. É mais engraçado que quando nos formamos temos a onipotência de semi-deuses... imaginamos que a nossa forma de entendermos o mundo fará de fato a diferença... é ridículo pensar que a rotina venha nos entorpecer... isso tem mais a ver como se encara o mundo. Acho válido que como humana que é sinta-se assim, é o que a faz uma profissional melhor... pq tem coragem de olhar nos olhos do seu usuário/utente/cliente/pobre/miserável/ser-humano... seja lá o rótulo que fique mais agradável ao sistema, e dentro do seu arquivo mental de técnicas/metodologias, leis e direitos, políticas sociais, recursos da comunidade... não importa... fará com que busque o melhor para eles... quanto as designações... que importa, há momentos mesmo assim, e há quem pense de forma pouco ética, que é mais bonito criticar do que "sentir" que também se é humanos... aonde você terminou a licenciatura? E daí... desde quando a sigla de uma universidade faz uma pessoa??? E é assim que reproduzimos de forma diferente uma forma de desprezo por quem luta a nossa mesma luta... por essas minúsculas coisas... e é por isso que o profissional da área social em Portugal é tão pouco valorizado... pq não há um pensamento comum de luta, de classismo, de estarmos todos lutando o bom combate. Colegas Doutoras abram os olhos...

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