Donativos
para os pobres têm «os dias contados», considera portal ligado à Associação Cristã de
Gestores
Doações,
que podem continuar «nas situações em que a assistência é a única via», devem
dar lugar ao investimento nas comunidades
Lisboa, 06 dez 2011 (Ecclesia) – Os donativos para os mais
carenciados devem dar lugar ao investimento das empresas nas comunidades,
considera o portal ‘Valores, Ética e Responsabilidade’ (Ver), que se apoia no
Código de Ética da Associação
Cristã de Gestores e Empresários.
“A velha prática de passar um cheque para ajudar os mais pobres
tem os dias contados”, refere o texto de apresentação da mais recente
‘newsletter’ do site, acrescentando que “em muitos casos” já foi atingido o
nível de “maturação aceitável” da “responsabilidade social corporativa”.
O portal entrevista Nathalie Ballan, fundadora e sócia da
consultora Sair da Casca, responsável pela segunda edição do estudo “O
investimento das empresas na comunidade”.
“As empresas podem usar parte do orçamento disponível para a
filantropia”, passando de uma atitude de ‘caridade’ para uma postura de
‘investidores’”, frisa a coautora da investigação.
O envolvimento das empresas no “negócio inclusivo” pode ser
feito através do desenvolvimento de “bens ou serviços para as populações
pobres” ou mediante a sua integração “como fornecedores ou distribuidores,
criando novas competências e desenvolvendo a economia local”.
Os dois modelos “dão às pessoas a oportunidade de saírem do
ciclo de pobreza e de serem atores”, traduzindo “a evolução da filantropia
empresarial baseada no donativo, que pode continuar a existir nas situações
em que a assistência é a única via, mas com maior exigência no que se refere
à sua eficiência”, acrescenta.
“O objetivo é a autossuficiência, o desenvolvimento da atividade
e o fim da ‘subsidiodependência’”, salienta Nathalie Ballan, que não dispõe
de dados que permitam avaliar os impactos do investimento empresarial nas
populações: “No que respeita ao retorno para a sociedade é ainda um tema
quase experimental”.
A investigadora refere que em 2008 “apenas 13% das empresas
comunicava ter uma política ou estratégia de filantropia ou investimento na
comunidade”, enquanto que em 2009 e 2010 o valor “subiu respetivamente para
65% e 87%”.
Nathalie Ballan realça na entrevista que “os projetos de voluntariado ganham cada
vez mais expressão e existe um compromisso de quase todos para contribuir
para reduzir a pobreza e exclusão social”.
A análise ao estudo feito pelo portal ‘Ver’ indica que o
voluntariado empresarial é uma “tendência com um peso cada vez mais visível
no panorama nacional”, o mesmo acontecendo “com o compromisso assumido de
contribuir para o combate à pobreza e exclusão social”.
A participação das empresas no desenvolvimento local pode
concretizar-se com o estabelecimento de “programas de empregabilidade ou de
integração de pessoas com deficiência”.
O investimento reflete-se também em áreas como a criação de
produtos e serviços acessíveis a populações deles excluídas, bem como na
implementação de alternativas para quem está impedido de recorrer ao sistema
bancário tradicional.
No que respeita às causas mais apoiadas, refere a análise, não
há mudanças face ao primeiro estudo, de 2008: “o apoio a instituições de
solidariedade e o envolvimento em campanhas lideradas também por
instituições, lidera o ranking”, sendo seguido pela educação, especialmente
de crianças e jovens, e a cultura.
RJM
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