O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) considerou que “o país ainda está bastante carente” no que respeita aos cuidados de fim de vida. Ricardo Luz reagiu desta forma ao estudo sobre “Qualidade da Morte” em 40 países, 30 dos quais são países da OCDE. Portugal ocupa a 27.ª posição. Reconhecendo que as regiões mais povoadas são as que apresentam maiores deficiências, Ricardo Luz sublinha ser necessário uma "coordenação real de esforços" para tentar "evitar o desperdício" na luta contra o cancro.
Portugal ocupa o último terço da tabela do estudo da "Economist Intelligence Unit", ontem divulgado, e que analisou vários dados relativos aos cuidados paliativos em 40 países, incluindo 30 membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). "Essa má classificação apenas indica que aquilo que até hoje tem sido feito nos cuidados continuados e no acesso a cuidados de fim de vida não tem sido suficiente", comenta o presidente da SPO. Depois de notar que a data do estudo não é clara, Ricardo Luz reconhece: "nós sabemos e temos consciência de que, em termos de cuidados de fim de vida, o país ainda está bastante carente, nomeadamente em algumas das nossas regiões, como as mais povoadas".
Nesse sentido, Ricardo Luz veio sublinhar a necessidade de uma "coordenação real de esforços" e para a tentativa de "evitar o desperdício" na luta contra o cancro, numa alusão à Carta de Princípios de Coimbra.
Em Fevereiro de 2009, representantes dos oncologistas (SPO, Colégios das Especialidades de Oncologia Médica e de Radioterapia) denunciavam o "desperdício e ineficiência" dos recursos utilizados na luta contra o cancro e propunham uma "reforma na prática" da oncologia em Portugal.
Entre os exemplos de ineficiência: "a repetição de exames, a repetição de atitudes e de actos que só fazem perder tempo, fazem perder dinheiro e não trazem nenhum benefício aos doentes", afirmou. Ricardo Luz lamentou que desde que a Carta foi apresentada e discutida ainda não se tenham registadas mudanças.
Portugal entre os países com fácil acesso a medicamentos de controlo de dor
Entre os vários temas em análise no estudo "Qualidade da Morte" estão o acesso ao internamento para cuidados paliativos de fim de vida e o número de doentes que têm acesso a esses cuidados.
Ainda segundo a mesma investigação, Portugal é um dos oito países onde é mais fácil o acesso a medicamentos de controlo da dor. O acesso a fármacos como a morfina é restrito devido à legislação relativa ao consumo e posse de drogas.
Além de Portugal, são referidos a Austrália, Canadá, Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia e Suíça.
"Um dos maiores problemas é que os governos estão tão preocupados com o uso de drogas ilícitas que em muitos países o acesso aos opiáceos é praticamente impossível", observa Sheila Payne, membro do Observatório Internacional dos Cuidados Paliativos.
Cerca de cinco mil milhões de doentes vivem em países onde "o acesso a medicamentação que controla dores severas ou moderadas é insuficiente ou nulo", refere a Organização Mundial da Saúde.
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