Apostar no projecto de vida
Vindos de vários pontos do país, oito rapazes oriundos de bairros sociais vão representar a Selecção Nacional de Futebol de Rua, no Campeonato do Mundo de Futebol Social.
Não se conhecem uns aos outros, nem conhecem a assistente social que trabalhará as suas fragilidades nos primeiros tempos, nem o treinador que fará com que eles alcancem a melhor posição possível no campeonato mundial, que decorrerá no Rio de Janeiro, Brasil, de 19 a 29 de Setembro.
Em comum têm a paixão pelo futebol e o facto de serem oriundos de bairros sociais. Reunidos em estágio desde quarta-feira, em apenas uma semana vão ter de formar uma equipa coesa e com forte espírito de grupo. Para além das competências desportivas, foram seleccionados pelo bom trabalho que fizeram para melhorar as suas condições de vida, tal como voltar aos estudos, procurar emprego ou procurar formação profissional.
Esta é um momento único nas vidas de Cristiano Marques (Setúbal), João Pedro Maré (Açores), Flávio Pereira (Beja), André Lemos (Aveiro), Sérgio Silva (Coimbra), Pedro Ferreira (Madeira), Rui Garcia (Lisboa) e Rui Andrade (Setúbal). Todos eles já passaram por grandes dificuldades nas suas vidas e esta vivência é muito importante para eles.
Patrícia Silva, responsável pela preparação social da equipa, garante que este será “um marco significativo nas suas vidas”. “Aqui vão aprender a trabalhar as suas competências sociais, espírito de grupo, união e respeito. Vão aprender a valorizar as suas potencialidades e a apostar nos seus projectos de vida”, enaltece.
A responsabilidade é enorme. No ano passado, Portugal sagrou-se vice-campeão mundial. Carlos Codinha, seleccionador nacional, assume a responsabilidade e não teme a pressão, mas foca-se num, bem maior. “O objectivo é vencer, mas acima de tudo dar a oportunidade a estes jovens de representar o seu país, sentir as cores nacionais e a força da nação”, sublinha. Na preparação para o campeonato, os treinos físicos são intensos e exigentes. O restante tempo é ocupado com actividades de formação social.
No Rio de Janeiro vão estar presentes mais de 500 jovens de 48 países, que terão experimentado situações de extrema pobreza.
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